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É falso que candidato derrotado ganhou eleição presidencial com 51% dos votos

Site de notícias publicou texto apócrifo baseado em relatório enganoso de partido político

Publicado em 25/11/2022 às 18:15, atualizado em 30/11/2022 às 19:13

É falso que candidato derrotado ganhou eleição presidencial com 51% dos votos

Um site de notícias publicou um texto apócrifo que, baseado em um relatório apresentado por um dos partidos políticos que participaram da disputa em segundo turno nas Eleições 2022, afirma que o candidato derrotado à Presidência da República teria vencido o pleito com 51% dos votos válidos. O mesmo conteúdo enganoso foi replicado em vídeos gravados por usuários de redes sociais que ganharam projeção na web.

Sem provas consistentes, o conteúdo diz ainda que teria sido constatado que as urnas do modelo 2020 (UE 2020) funcionariam de forma distinta das versões anteriores, o que geraria incerteza quanto aos dados gerados pelos equipamentos mais antigos.

Fato ou Boato?

Ao contrário do que afirma o texto e as postagens que repercutiram o conteúdo nas redes sociais, o candidato recebeu menos votos do que o adversário nos dois turnos das Eleições Gerais de 2022 e, por isso, não foi reeleito. Ele teve 49,10% dos votos válidos contra 50,90% recebidos pelo opositor, que ganhou a disputa presidencial.

O relatório produzido pela legenda, que pedia a desconsideração dos votos depositados em urnas de versões anteriores à de 2020, também é enganoso. Isso porque a agremiação não apresentou nenhuma prova de que houve fraude ou erro na totalização (soma dos votos do eleitorado). A intenção do partido era anular somente o segundo turno da votação sob o fundamento de que as urnas mais antigas não possuíam número de identificação.

No entanto, os equipamentos que receberam os votos das eleições presidenciais no segundo turno foram os mesmos utilizados no primeiro. Ou seja, não faz sentido argumentar que as urnas deixaram de cumprir o objetivo somente na segunda etapa do pleito. Nestas eleições, foram escolhidas candidaturas para vagas de deputado federal, senador, deputado estadual ou distrital, governador e presidente da República.

Todas as urnas podem ser identificadas

Cada urna apresenta um número interno identificador exclusivo que permite a identificação do equipamento em si. Esse número é utilizado pelo software em diversos momentos, possibilitando assim a rastreabilidade, a auditabilidade e a cronologia dos eventos. A urna brasileira chancela tudo o que produz, garantindo, portanto, a identidade das informações produzidas em três documentos principais: o log de eventos, o Registro Digital do Voto (RDV) e o Boletim de Urna (BU).

As urnas geram arquivos que permitem identificar precisamente em qual equipamento foram criados. Quando um desses mecanismos deixa de funcionar, outros o substituem, sem prejuízo à rastreabilidade e à possibilidade de identificação. É possível, em qualquer modelo, verificar o equipamento a partir da assinatura digital.

Além disso, todos equipamentos têm um “número interno” registrado no hardware, ou “código de identificação da urna”, que é único para cada um deles. Para o Boletim de Urna (BU) e para o Registro Digital do voto (RDV), o “código de identificação da urna” integra a correspondência do aparelho, associando o equipamento a uma seção eleitoral do país e a um conjunto de dados de eleitores e candidatos.

Essas informações são públicas e podem ser consultadas por meio do aplicativo e da página Resultados do TSE.

Não houve quebra do sigilo da votação

Outra tese falida é a de que teria havido quebra no sigilo da votação em 2022. A urna eletrônica não registra o nome do eleitor no log, que nada mais é do que um relatório com todos os eventos ocorridos naquela urna eletrônica desde o momento em que ela foi ligada.

O dono do instituto contratado pelo partido distorceu situações pontuais que tiveram origem em um erro no momento da escrita de alguma mensagem na tela do terminal do mesário. Se essa escrita falhar, o texto que se tentou redigir fica registrado no log. Ou seja, como o problema ocorreu durante a exibição do nome do eleitor no terminal, é essa a informação que vai constar no log do equipamento.

O contratempo não produziu nenhum impacto no sigilo ou na destinação do voto digitado pela eleitora ou pelo eleitor. A repercussão também foi pequena, levando-se em consideração o universo de 472.075 de urnas eletrônicas utilizadas nas seções eleitorais.  Ao todo, foram menos de 40 ocorrências desse tipo, número que corresponde a apenas 0.008% do total de equipamentos utilizados no país.

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