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Post resgata notícias falsas das Eleições 2018 já desmentidas pelo TSE e por agências de checagem
Boatos reciclados usam montagem para alegar fraude na urna eletrônica e reproduzem vídeos de eleitores que anularam voto ao errar ordem de votação
Publicado em 25/08/2022 às 20:35, atualizado em 28/09/2022 às 16:06

Alguns rumores antigos sobre o funcionamento do voto eletrônico voltaram a povoar a internet poucos meses antes das Eleições Gerais de 2022. Desta vez, um vídeo com um compilado de fake news já desmentidas instalou um clima de desconfiança no eleitorado brasileiro.
Em um dos trechos, um eleitor de Cuiabá (MT) afirma que não conseguia votar para presidente da República. Em outra passagem, é reproduzida uma montagem enganosa sobre uma urna que supostamente autocompletaria o voto nas Eleições de 2018. Também consta no material requentado um episódio envolvendo policiais militares do Distrito Federal, que ocorreu durante o mesmo pleito, ou seja, há quatro anos.
Fato ou Boato?
Todas as alegações já foram desmentidas tanto pela Justiça Eleitoral quanto por sites de notícias. No caso do eleitor de Mato Grosso, o que ocorreu foi uma confusão na hora de digitar os votos. Isso porque o voto para Presidência da República é o último da sequência de votação. Antes dele, vem o voto para governadora ou governador, que também é composto por dois dígitos. Em 2018, muitas pessoas se confundiram na hora de digitar a numeração de sua candidata ou de seu candidato.
Para evitar esse tipo de situação, o ideal é anotar em um papel o número das candidaturas de acordo com a sequência do voto na urna eletrônica, que, em 2022, será a seguinte: deputado federal, deputado estadual, senador, governador e presidente. Deixe a cola eleitoral pronta com antecedência e leve consigo para a cabine eleitoral.
Urna que autocompleta voto é montagem
A urna que autocompletaria o voto em um candidato à Presidência se trata de uma montagem. No vídeo, no momento em que o primeiro número é pressionado, o teclado da urna não aparece por completo. Esse é um indício de que outra pessoa teria digitado o restante do voto. A mentira foi desmontada por um perito em edição do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Ao analisar a filmagem em um programa de edição, ele também verificou que há ruídos de dois cliques simultâneos e um recuo na tela da urna, sugerindo que a imagem com a foto do candidato foi colada em cima do vídeo original. Os dois fatos comprovam, mais uma vez, que o material foi manipulado.
Não houve fraude nas urnas do DF
A suposta fraude nas urnas do DF não foi comprovada. A apuração feita pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) concluiu que houve, na realidade, “desconhecimento técnico” do colaborador contratado pelo órgão, que denunciou o ocorrido.
Segundo o TRE-DF, tanto o Boletim de Urna (resultado impresso da votação depositada em cada urna eletrônica) quanto a zerésima (documento que demonstra que a urna não apresenta votos computados no início da votação) daquela seção eleitoral foram emitidos sem qualquer alteração.
Conforme noticiado na época pelo Estadão Verifica, o vídeo foi resultado de um engano cometido pelos envolvidos. Em uma coletiva realizada no dia 7 de outubro de 2018, a então presidente do TRE-DF, Carmelita Brasil, esclareceu o assunto e informou aos presentes que a gravação foi fruto de um mal-entendido dos policiais e do denunciante.
PF também desmentiu conteúdo da denúncia
De fato, os policiais, que gravaram o vídeo em frente à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, estavam ali para acompanhar o depoimento do homem que denunciou o suposto mau funcionamento da urna eletrônica. No entanto, a PF informou que, após ouvir a denúncia, não houve comprovação de fraude.
É importante saber que a Justiça Eleitoral só é acionada após averiguação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, caso sejam encontrados indícios de irregularidades.
A Polícia Militar do DF, por sua vez, comunicou que a Corregedoria da instituição iria apurar a conduta dos dois agentes no caso. Foi, ainda, requisitada a instauração de um inquérito pelo Ministério Público Eleitoral para averiguar a conduta dos policiais militares.
Acesse as checagens e esclarecimentos abaixo