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Outros países, além de Brasil, Butão e Bangladesh usam urnas sem voto impresso

Checagem desmonta notícia falsa que voltou a circular nas redes sociais. Confira

Publicado em 30/08/2021 às 11:15, atualizado em 18/08/2023 às 19:43

Outros países, além de Brasil, Butão e Bangladesh usam urnas sem voto impresso

Publicações compartilhadas mais de 10 mil vezes nas redes sociais em junho de 2021 afirmavam que apenas Brasil, Butão e Bangladesh utilizariam urnas eletrônicas sem voto impresso. 

Essa é mais uma variação de um fake news antiga, que, de tempos em tempos, ganha popularidade na internet. Desta vez, a peça de desinformação se espalhou por meio das plataformas Twitter, Facebook e Instagram, com uma variação. Antes, a notícia falsa afirmava que apenas esses três países usavam urnas eletrônicas. Agora, foi adicionada ao velho boato a informação de que somente essas três nações não imprimiam o voto.

O conteúdo enganoso voltou a circular logo depois que a Câmara dos Deputados barrou a impressão do registro em papel.

De acordo com a apuração feita pela agência de checagem AFP Checamos, Bangladesh e Butão realmente utilizam sistema eletrônico de votação sem registro impresso. Contudo, além do voto eletrônico, Bangladesh também utiliza cédulas de papel.

Mas as máquinas de votar sem registro físico do voto não são exclusividade dessas três nações. Os equipamentos utilizados pelo eleitorado de algumas regiões dos Estados Unidos para realizar a escolha de representantes também não imprimem comprovante físico da votação.

Uso do voto eletrônico pelo mundo

Dados atualizados do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional) apontam que ao menos 34 países utilizam sistema eletrônico de votação, em diferentes escalas. A lista inclui nações de sólida tradição democrática, como Suíça, Canadá, Austrália e parte dos Estados Unidos, que adota sistemas eletrônicos em apenas alguns estados. Na América Latina, Peru e México também fazem uso do sistema eletrônico. Na Ásia, além de Japão e Coréia do Sul, há o exemplo da Índia, que usa urnas eletrônicas semelhantes à brasileira, mas adaptadas à realidade eleitoral local.

Ainda segundo o IDEA, 17 países adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta, o que significa que não utilizam cédulas de papel no registro dos votos.

Brasil é modelo para o mundo

Embora as tecnologias eleitorais brasileiras sejam vistas com otimismo e confiança, algumas pessoas se perguntam por que ainda são poucos os países que as usam. 

De acordo com José Gilberto Scandiucci, assessor de Assuntos Internacionais do TSE, a verdade é que os países têm buscado soluções tecnológicas parecidas com as do Brasil, mas que cada lugar deve adaptar os recursos à própria realidade e cultura. “Todo o nosso programa de votação eletrônica foi construído dentro do TSE. Então não é algo que nós vendemos ou emprestamos. O que fazemos é mostrar, em linhas gerais, a estrutura do nosso sistema e como foi a evolução dele, para que assim os países se inspirem e possam fazer algo parecido”, esclarece.

Voto eletrônico encerrou período de fraudes

Vale lembrar que a informatização da votação no Brasil foi amplamente defendida na década de 1990 em razão da grande quantidade de episódios de corrupções desde o Império. Há registros, por exemplo, de adulteração durante a preparação das urnas de lona, quando cédulas já preenchidas eram depositadas nas caixas. Era comum também a substituição de urnas de lona vazias por outras repletas de cédulas preenchidas. Veja aqui mais histórias de fraudes nas eleições que ocorreram antes da instauração do processo eletrônico.

Scandiucci ressalta que nem todos os países passaram por esses problemas. “Isso é o suficiente para que não haja uma demanda social para a introdução de um mecanismo que, no fundo, tem um custo orçamentário razoável. Então, em muitos países, nem existe essa discussão na sociedade. No outro extremo, muitos países sequer têm a estrutura financeira e infraestrutura de energia elétrica suficientes para adotar um sistema parecido com o brasileiro”, informa.

Urnas brasileiras podem ser auditadas

Mesmo sem a impressão do voto, as urnas eletrônicas podem ser auditadas. As verificações, acompanhadas de perto por diversas entidades respeitadas, ocorrem antes, durante e depois das eleições para assegurar o bom funcionamento do sistema eleitoral brasileiro. 

Saiba como funcionam as principais auditorias das urnas eletrônicas usadas no Brasil. 

Acesse as checagens e esclarecimentos abaixo