COMPARTILHAR
Votos brancos e nulos não foram transferidos para candidaturas durante “apagões” nas Eleições 2014 e 2018
Não há provas de fraudes nesses pleitos, ao contrário do que sugerem alegações falsas propagadas no TikTok
Publicado em 25/07/2022 às 18:50, atualizado em 28/09/2022 às 17:45

Circula no Facebook e no aplicativo TikTok um vídeo no qual um homem afirma ter havido apagões nas duas últimas eleições gerais, realizadas em 2014 e em 2018. Na gravação, ele diz ainda que as Forças Armadas teriam descoberto uma suposta alteração na sequência dos votos e sugere que, durante os episódios, os votos nulos e em branco foram transferidos para candidaturas.
Fato ou Boato?
Todas as afirmações contidas na filmagem são falsas. Primeiro, porque os votos nulos e os em branco não podem ser transferidos para nenhum candidato ou candidata. O voto é gravado exatamente da forma como foi digitado pela eleitora ou pelo eleitor, independentemente de ser válido, em branco ou nulo. Vale lembrar que votos nulos e em branco servem apenas para fins estatísticos e não decidem uma eleição, pois são excluídos do cômputo de votos válidos.
Eleições Gerais de 2018
No primeiro turno das Eleições Gerais de 2018, realizado em 7 de outubro, houve uma interrupção momentânea na transmissão dos resultados da votação para presidente nos estados de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG) aos veículos de comunicação que se cadastraram junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para receber as informações em tempo real.
A distribuição dessas informações às emissoras de rádio, televisão, aplicativos móveis e sites em geral é feita por uma empresa, que recebe os dados da Seção de Totalização e Divulgação de Resultados do TSE (Setot/TSE) e os repassa para os veículos.
Ocorre que, a partir das 17h do dia 7 de outubro, a infraestrutura de rede da empresa contratada não suportou o grande volume de acessos simultâneos e apresentou instabilidades que atrasaram o recebimento dos resultados do pleito presidencial pela imprensa.
O problema perdurou até por volta das 19h, quando a equipe de técnicos do Tribunal adotou medidas contingenciais para restabelecer o acesso aos arquivos de resultados. Diante desse cenário, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu encerrar o contrato com a prestadora do serviço entre o primeiro e o segundo turno de 2018 e contratou uma nova empresa para exercer a mesma função.
É importante esclarecer, contudo, que a empresa recebe os dados já totalizados pelo TSE e apenas compartilha essas informações com os veículos. Sendo assim, ela não tem acesso às informações dos eleitores, nem ao sistema de totalização dos votos, que é de total responsabilidade do Tribunal.
Eleições Gerais de 2014
Realizado há quase oito anos, o pleito de 2014 é outro assunto que ainda gera muita polêmica na internet. Contudo, a alegação do autor do vídeo de que ocorreu um apagão de dados na eleição também não é correta.
Para entender o que ocorreu naquele ano, é importante saber que há uma norma que impede a divulgação de resultados para o cargo de presidente da República até o final da votação em todo o território nacional, que é computado sempre no horário local. A regra existe para evitar que a divulgação de resultados nos Estados que já tenham encerrado a votação possa influenciar os eleitores que ainda estão com as seções eleitorais abertas.
Ocorre que, em 2014, os eleitores do Acre terminaram de votar às 17h no horário local e às 20h no horário de Brasília. E, conforme estabelecido pelo artigo 210 da Resolução TSE nº 23.399/2013, foi a partir do encerramento dos trabalhos no Acre que os resultados da eleição presidencial começaram a ser divulgados. Não houve, portanto, nenhuma fraude ou problema na apuração dos resultados nas Eleições Gerais de 2014.
Vale lembrar que nas Eleições Gerais de 2022, o horário de votação será unificado de acordo com a hora de Brasília. Isso quer dizer que os trabalhos eleitorais serão iniciados e encerrados simultaneamente em todos os locais do país.
Leia mais:
29.07.2021 – Fato ou Boato: é falsa a planilha que mostra inversões entre Aécio Neves e Dilma Rousseff no 2º turno de 2014
22.07.2021 – Fato ou boato: é falso que a apuração das eleições seja feita de forma secreta por servidores do TSE
15.07.2021 – Fato ou boato: é falso que a urna eletrônica foi fraudada em 2014
Acesse as checagens e esclarecimentos abaixo
-
Não há provas de fraudes em 'apagões' nas eleições de 2014 e 2018, ao contrário do que afirma post
-
Não há provas de fraudes em 'apagões' nas eleições de 2014 e 2018
-
Não há provas de fraudes em 'apagões' nas eleições de 2014 e 2018